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terça-feira, 26 de outubro de 2010

Videoaulas por Boris Fausto


Boris Fausto

Segue abaixo tres videoaulas que esplicam fatos importantes do Brasil - Colonia:


Parte 1

http://www.youtube.com/watch?v=Zs0pI9cwQCU&list=QL&feature=BF

Parte 2

http://www.youtube.com/watch?v=uip9p24JeKo&list=QL&feature=BF

Parte 3

http://www.youtube.com/watch?v=NEunV99IEc0&list=QL&feature=BF

Para obter imformaçoes sobre Bores Fausto acesse:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Boris_Fausto

Espansão colonial

Ao longo da história, a formação de colónias foi a forma como a espécie humana se espalhou pelo mundo.
Na pré-história, a colonização de territórios não era geralmente acompanhada pelo uso da força - a não ser para lutar contra eventuais animais que os ocupassem.
Em tempos mais recentes, no entanto, o crescimento populacional e económico em vários países da Europa e da Ásia (os Mongóis e os japoneses) levou a um novo tipo de colonização, que passou a ter o carácter de dominação (e, por vezes, extermínio) de povos que ocupavam territórios longínquos e dos seus recursos naturais, criando grandes impérios coloniais. Um dos aspectos mais importantes desta colonização foi a escravatura, com a "exportação" de uma grande parte da população africana para as Américas, com consequências nefastas, tanto para o Continente Negro, como para os descendentes dos escravos, que perduram até hoje.
No século XIII, os reis mongóis sucessores de Genghis Khan construíram o maior império colonial de sempre, abrangendo quase toda a Ásia e parte da Europa de leste. Nos finais do século XIX, os japoneses começaram a expandir-se e, na altura da Segunda Guerra Mundial, dominavam a Coreia, grande parte da China, a Indochina, as Filipinas e a então colónia das Índias Orientais Holandesas (atual Indonésia).
O colonialismo europeu foi o que abrangeu a maior parte do mundo, fora daquele continente, tendo sido ocupadas completamente as Américas e a Austrália até ao século XVII e a maior parte de África até ao início do século XIX. Em 1885, as diferentes regiões – actuais países - de África foi distribuída pelas potências coloniais europeias, na Conferência de Berlim.
Ecologia da colonização humana
Muitas espécies de plantas úteis são trazidas pelos colonizadores para serem cultivadas nas frentes de colonização. Quando os sítios são abandonados ou quando os colonizadores morrem, gerando as taperas, as plantas podem sobreviver por longo tempo, ocasionando frequentemente invasões vegetais nos ecossistemas no entorno. O estudo dessas plantas pelos ecólogos pode informar aos arqueólogos e historiadores as origens prováveis das infestações, possibilitando o encontro dos sítios arqueológicos. Dessa forma a Etnobotânica e a Ecologia são ferramentas auxiliares da Arqueologia e da História. Fonte: Santos, Ana Carla Fonseca, 2006. Taperas e suas plantas: etnobotânica dos antigos assentamentos humanos. Diálogos, Maringá, 10(3):33-55.
Ondas de colonização em frentes com alta densidade de colonizadores podem ter tido grande sucesso ao explorar, como nas América, ecossistemas muito favoráveis a eles, habitados por manadas de mamíferos de grande porte até então desconhecidos, possibilitando caça abundante e segurança alimentar. Fonte: Martin, P. S., 1973. The discovery of America. Science 179:969-974.
Colonização alemã

Em África

A Alemanha só passou a administrar colónias em África (o Tanganyika e o Sudoeste Africano, actual Namíbia) a seguir à Conferência de Berlim e perdeu-as com a sua derrota na Primeira Guerra Mundial.

 Nas Américas

 No Brasil

Na Oceania

Colonização britânica

Os ingleses lançaram-se à conquista do mundo durante o reinado de Henrique VII (1485–1509), que promoveu a indústria naval, como forma de expandir o comércio para além das Ilhas Britânicas. Mas as primeiras colónias britânicas só foram fundadas durante o reinado de Isabel I, quando Sir Francis Drake circunavegou o globo nos anos 1577 a 1580 (Fernão de Magalhães já a tinha realizado em 1522). Em 1579, Drake chegou à Califórnia e proclamou aquela região "colónia da Coroa", chamando-lhe "Nova Albion" ("Nova Inglaterra"), mas não promoveu a sua ocupação. Humphrey Gilbert chegou à Terra Nova em 1583 e declarou-a colónia inglesa, enquanto Sir Walter Raleigh organizou a colónia da Virginia em 1587, mas ambas estas colónias tiveram pouco tempo de vida e tiveram de ser abandonadas, por falta de comida e encontros hostis com as tribos indígenas do continente Americano. Foi apenas no século seguinte, durante o reinado de Jaime I da Inglaterra, depois da derrota da Armada Invencível de Espanha, que foi assinado o Tratado de Londres, permitindo o estabelecimento da colónia da Virginia em 1607. Durante os três séculos seguintes, os ingleses expandiram o seu império a praticamente todo o mundo, incluindo grande parte de África, quase toda a América do Norte, a Índia e regiões vizinhas e várias ilhas ao redor do mundo.
Assim, em 1670 já existiam colónias inglesas estáveis na América do Norte (Nova Inglaterra, Virgínia, Carolina) e em Antígua, Barbados, Belize e Jamaica, bem como uma penetração comercial na Índia desde 1600, graças à Companhia das Índias Orientais.
A partir de 1660, organiza em África, entrepostos de captação de escravos para as plantações americanas, apossando-se, no século seguinte, em 1787, de inúmeros territórios entre o Rio Gâmbia (encravado no Senegal francês) e a Nigéria, abarcando a famosa Costa do Ouro, o actual Gana. O século XVIII é deste modo, o período de afirmação e maturação do projecto colonial britânico.
O seu único revés neste período foi a independência dos Estados Unidos da América, em 1776. Posteriormente houve o início da colonização da Austrália em 1783 e mais tarde da Nova Zelândia a partir de 1840.
A sua armada mantém-se superior às demais com a Batalha de Trafalgar em 1805, impondo uma vez mais uma pesada derrota a um adversário. O domínio de novas colónias é constante nesta altura - Malaca, desde 1795, Ceilão, Trindade e Tobago, em 1802, Malta, Santa Lúcia e Maurícia, em 1815, depois da derrota napoleónica e do seu bloqueio continental.
Singapura é fundada por Thomas Raffles em 1819. No Canadá regista-se o avanço para oeste, abrindo novas frentes de colonização, o mesmo sucedendo na Índia, com a exploração do interior do Decão e de Assam, Bengala e outras regiões.
O século XIX marca o auge do Império Colonial Britânico, cuja expansão económica e humana é favorecida pelo desenvolvimento do capitalismo financeiro e industrial, bem como pela pressão demográfica elevada.
Por outro lado, marca uma nova administração e gestão da realidade colonial. Exemplo disso é o governo directo da Coroa na Índia. Aí, porém, despoletará a primeira grande revolta contra o domínio colonial britânico: a Revolta dos Sipais, em 1858, que ditará o fim da Companhia das Índias Orientais.
Em 1877, a rainha Vitória - num gesto de coesão face às autonomias ou aspirações mais radicais - proclama-se imperatriz da Índia, que compreendia um extenso território entre a fronteira irano-paquistanesa e a Birmânia e entre o Oceano Índico e o Tibete. Na China, estabelece-se em Xangai. Na África, alimenta-se cada vez mais o sonho de construir um império inglês entre o Cairo, no Egipto, e a Cidade do Cabo, na África do Sul, o que é conseguido depois da Conferência de Berlim (1884-1885), que legitima a anexação de todos os territórios ao longo desse corredor africano (Egipto, Sudão, Quénia, Tanzania, Uganda, Rodésia, Transvaal e a Província do Cabo). Aqui, entre 1899 e 1902, se travará a primeira guerra do império, contra os bóers (descendentes de colonos holandeses estabelecidos desde o século XVII na África do Sul), que se tornarão autónomos em 1910 (União Sul-Africana).
Este conflito demonstra o desaparecimento gradual dos últimos obstáculos para a plena soberania das colónias desde o começo da segunda metade do século XIX. Nesse período, é dada autonomia às colónias de maioria de população europeia, como o Canadá, a Austrália, a Nova Zelândia e as regiões da África do Sul (Cabo, Orange, Natal e Transvaal), que ganham um estatuto de "domínios" (soberania quase total, mas leais à Coroa britânica), respectivamente, em 1867, 1901, 1907 e 1910. Aliás, já só dependiam da metrópole, até essa data, para assuntos externos e de defesa.
Estes domínios participarão ao lado da Inglaterra na Primeira Guerra Mundial, o que origina uma nova organização do império, cada vez mais diminuto devido à independência daqueles domínios de população maioritariamente europeia, embora associados à Inglaterra através da Commonwealth (Estatuto de Westminster, 1931). Irlanda, Canadá e África do Sul aceitam o Estatuto nessa data, fazendo-o mais tarde a Austrália, em 1942, e a Nova Zelândia, em 1947, perdendo assim o vínculo ao Reino Unido, apesar de reconhecerem a soberania simbólica da Coroa britânica.
No resto do império - que o Egipto é a primeira colónia não-branca a abandonar -, de população basicamente autóctone, novas fórmulas de associação política e económica são adoptadas: na Índia, por exemplo, tenta-se aproximar a população da administração, embora com custos elevados. De facto, após a Segunda Guerra Mundial e com o despertar dos nacionalismos, Índia e Paquistão tornam-se independentes e a Irlanda passa a república.
As décadas seguintes serão o cenário histórico da desagregação do império, nomeadamente em África. Actualmente, depois da devolução de Hong Kong, em 1997, à China, o Império Colonial Britânico resume-se a Gibraltar, à Ilha de Man e às ilhas do Canal da Mancha, na Europa, o Território Britânico do Oceano Índico, Pitcairn e dependências no Pacífico, Ilhas Malvinas, Anguilla, Bermudas, Geórgia do Sul, as Ilhas Caimão, Turks e Caicos, Montserrat, Ilhas Virgens Britânicas e Santa Helena e dependências (Tristão da Cunha e Ascensão) no Atlântico..

Colonização espanhola

Os espanhóis começaram as suas explorações pelo ocidente, com a descoberta das "Índias ocidentais" por Cristóvão Colombo, em 1492, iniciaram imediatamente a colonização forçada do continente americano. Em meados do século XVI,a dengue tomou conta do pais que foi obrigado a pedir ao Império Espanhol que controlava quase toda a zona costeira das Américas, desde o Alasca à Patagónia, no ocidente, e desde o atual estado norte-americano da Geórgia, toda a América Central e o Caribe até à Argentina – com excepção do Brasil, que Portugal tinha conseguido manter graças à mediação do Papa (ver Tratado de Tordesilhas). Na África, a Espanha ocupou as Ilhas Canárias (cedidas por Portugal, em 1479), o Saara Ocidental (e partes de Marrocos) e a actual Guiné Equatorial. Na Ásia, a Espanha dominou as Filipinas e, na Oceania, as Ilhas Marianas e Carolinas.

 Colonização francesa

A França demorou a conquistar terras devido a problemas internos, referentes a centralização política. As primeiras tentativas dos franceses para estabelecerem colónias no Brasil, em 1555, e na Florida, em 1564 (em Fort Caroline, actualmente Jacksonville, na Flórida), realizada por huguenotes, não tiveram sucesso, devido à vigilância dos portugueses e espanhóis. A tentativa seguinte foi em 1598, em Sable Island, no sueste da actual província da Nova Escócia do Canadá; esta colónia não teve abastecimentos e os 12 sobreviventes tiveram de voltar a França. A história do império colonial francês começou em 27 de Julho de 1605 com a fundação em Port Royal, actualmente Annapolis (igualmente na Nova Escócia), da colónia da Acadie. Em 1608, Samuel de Champlain funda Quebec, que passa a ser a capital da enorme, mas pouco povoada, colónia de Nova França (também chamada "Canada"), que tinha como objectivo o comércio de peles.
À medida que os franceses expandiam o seu império na América do Norte, também começaram a construir outro, menor, mas mais lucrativo, nas "Índias Ocidentais" (as Caraíbas). A ocupação da costa sul-americana começou em 1624 onde é hoje a Guiana Francesa e fundou uma colónia em Saint Kitts em 1627 (a ilha teve que ser partilhada com os ingleses até ao Tratado de Utrecht em 1713, quando a França o perdeu). A "Compagnie des Îles de l'Amérique", formada em 1664, estabeleceu as colónias de Guadeloupe e Martinica em 1635 e em Santa Lúcia em 1650. As plantações destas colónias foram mantidas por escravos trazidos de África. A resistência dos povos indígenas locais resultou na Expulsão dos Caribes em 1660. A mais importante possessão colonial francesa nas Caraíbas só foi conseguida em 1664, com a fundação da colónia de "Saint-Domingue" (o actual Haiti) na metade ocidental da ilha Hispaniola (enquanto os espanhóis dominavam a parte oriental). No século XVIII, Saint-Domingue tornou-se a mais rica colónia de plantações de cana-de-açúcar das Caraíbas. A parte oriental da ilha Hispaniola foi oferecida à França pela Espanha, depois da perda de Saint-Domingue com a Revolução Haitiana.
Em 1699, as possessões francesas na América do Norte expandiram-se ainda mais com a fundação da Louisiana perto do delta do Rio Mississippi; embora a França tivesse declarado soberania de toda a bacia do Mississippi, só tinha controlo efectivo na região costeira, perto das cidades de Mobile (Alabama) e New Orleans (fundada em 1718). Mais tarde, os Estados Unidos da América compraram a colónia francesa.
Na África, foi no Senegal que os franceses primeiro estabeleceram entrepostos em 1624, tendo-se depois expandido para o interior e para sul, formando, em 1880, a colónia do Sudão francês (actual Mali) e, nos anos que se seguiram ocupando a grande parte do Norte de África e da África ocidental e central. A França formou ainda colónias na Índia (Chandernagore em Bengala e Pondicherry no sueste, em 1673-1674) e, mais tarde, Yanam (1723), Mahe (1725) e Karikal (1739). No Oceano Índico, a França implantou-se na "Île de Bourbon" (actual Reunião), em 1664, "Île Royale" (Maurícia, em 1718) e Seychelles (1756). Durante os primeiros anos do reinado de Napoleão, o Egipto esteve também sob domínio francês por um curto período, mas apenas à volta do rio Nilo.

 Colonização holandesa

Finalmente, os neerlandeses formaram, em 1602 a Companhia Neerlandesa das Índias Orientais (com o nome formal de Companhia Unida das Índias Orientais, ou "Vereenigde Oost-Indische Compagnie", em neerlandês, com a sigla VOC) - dois anos depois da formação da Companhia Inglesa das Índias Orientais – com o objectivo de tentar excluir os competidores europeus daquela importante rota comercial. Em 1605 mercadores neerlandeses armados capturaram o forte português de Amboyna (ou Ambon), nas Ilhas Molucas, em 1619, invadiram Jayakarta, que renomearam Batavia (o nome latino dos Países Baixos) e transformaram em sua capital e, em 1682, tomaram Bantam, que era o último porto importante ainda em mãos dos nativos. A partir dessa altura, a colónia das "Índias Orientais Neerlandesas" (actual Indonésia) passou a ser administrada pela VOC, até à sua liquidação em 1799 – pois já se tinha tornado mais poderosa que o próprio reino. Concentrando o seu monopólio nas especiarias, os neerlandeses encorajaram a monocultura: Amboyna para o cravinho, Timor para o sândalo e as Bandas para a noz moscada.
Em 1609, o explorador inglês Henry Hudson, ao serviço da VOC, tentou uma passagem para as "Índias" pelo noroeste e acabou descobrindo regiões da América do Norte, dando o seu nome ao Rio Hudson e à Baía de Hudson e proclamando as terras circundantes propriedade da VOC. Depois de algumas expedições, a primeira colónia foi fundada em 1615: Fort Nassau, em Castle Island, perto da actual cidade de Albany, capital do estado de Nova Iorque.
Em 1621, foi formada uma nova companhia para estabelecer um monopólio comercial neerlandês nas Américas e África ocidental, a Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais (Westindische Compagnie or WIC), que pediu o reconhecimento da sua colónia de Novos Países Baixos como uma nova província, o que foi concedido em 1623 (nessa época, os Países Baixos tinham a designação de "República das Sete Províncias Unidas"). Em 1626, a WIC "comprou" a ilha de Manhattan aos índios e começou a construção do forte de Nova Amsterdão. No mesmo ano foi construído o Forte Nassau onde é hoje Gloucester, no estado de Nova Jersey e, mais tarde, outros entrepostos em Delaware e Filadélfia. Em 1655, os neerlandeses capturaram as colónias suecas de Nova Suécia e Forte Cristina. Entretanto, em África, os neerlandeses construiram outro Forte Nassau no actual Gana (nessa época, o país era governado pela Casa de Orange-Nassau).
Em 1664, tropas inglesas sob comando do Duque de York (que se tornou Jaime II de Inglaterra) atacaram os Novos Países Baixos e mudaram o nome de Nova Amsterdão para Nova Iorque. Este incidente levou à Segunda Guerra Anglo-Neerlandesa (1665-1667), que terminou com o Tratado de Breda, no qual os neerlandeses desistiam de Nova Amsterdão, em troca do Suriname. Entre 1673 e 1674, estes territórios foram novamente capturados pelos neerlandeses durante a Terceira Guerra Anglo-Neerlandesa e foram devolvidos à Inglaterra através do Tratado de Westminster.
Mais a sul, em plena rota das "Índias", Jan van Riebeeck, da Companhia Neerlandesa das Indias Orientais, fundou a Cidade do Cabo em 6 de Abril de 1652, no extremo sul da África. Durante os séculos XVII e XVIII, a Colónia Neerlandesa do Cabo viu chegar e instalarem-se calvinistas, principalmente dos Países Baixos, mas também da Alemanha, França, Escócia e doutros lugares da Europa. Estes calvinistas não conseguiram "disciplinar" os khoisan para as suas actividades agrícolas e quase os exterminaram nas guerras conhecidas como "Guerras do Desconhecido" ("Cape Frontier Wars"). Então, começaram a importar escravos da Indonésia, de Madagáscar e da Índia. Os descendentes destes escravos e dos colonos, passaram a ser mais tarde conhecidos como "Mulatos do Cabo" ("Cape Coloureds" ou "Cape Malays"), chegando a constituir cerca de 50 % da população da Província do Cabo Ocidental.
Nas Antilhas, a colonização neerlandesa começou em Sint Maarten, em 1620 (embora esta ilha tenha mudado de mãos pelo menos 16 vezes até 1816, quando foi permanentemente dividida entre a França e os Países Baixos). Seguiram-se Bonaire, em 1633, Curaçao, em 1634, Sint Eustatius, em 1635, Aruba, em 1636 e Saba, em 1640. Actualmente, estas ilhas formam as Antilhas Neerlandesas, que são ainda parte do Reino dos Países Baixos, embora autónomas.

 Colonização portuguesa

Pode dizer-se que a colonização recente do mundo iniciou-se com os descobrimentos e com a exploração das Ilhas Canárias pelos portugueses, no princípio do século XIV; a primeira ocupação violenta foi a conquista de Ceuta, também pelos portugueses, em 1415. Os navegadores continuaram a explorar a costa de África para sul e depois ao longo do Oceano Índico, chegando finalmente ao seu "destino", a Índia, onde ocuparam Goa, em 1510. Em 1511, Afonso de Albuquerque invadiu Malaca (sultanato na Malásia), estabelecendo aí o domínio português. Finalmente, chegaram à China, onde fundam a colónia de Macau, em 1557.
Entretanto, Pedro Álvares Cabral, ainda com a intenção de chegar à Índia, "descobre" o Brasil, em 1500; a partir de 1534 inicia-se a colonização do Brasil com a criação das primeiras capitanias. Ao longo destes cerca de dois séculos e meio, Portugal não estabeleceu verdadeiras colónias, limitando-se a construir entrepostos (que por vezes eram fortificados) para servirem de abastecimento aos navegadores que, nessa altura eram mais comerciantes que verdadeiros colonizadores. No entanto, quando encontravam resistência dos habitantes locais, atacavam e, por exemplo, em 1505 destruíram Kilwa Kisiwani (na actual Tanzânia).

 Colonização russa

Os russos foram os últimos europeus a colonizarem as Américas. Na busca de expandir seu grandioso império, muitas expedições foram feitas na segunda metade do século XVIII na busca de uma passagem entre o Oceano Atlântico e o Oceano Pacífico. Descobriram o Alasca e as Ilhas Aleutas que rapidamente foram colonizadas. O Alasca era rico em madeira e peles de animais selvagens, tornando o Império Russo líder nestes mercados.
Por causa do intenso frio e da escassez de comida da região, colonos russos imigraram para o sul instalando-se na colônia de Fort Ross, no Noroeste dos EUA. A região era mais fresca além de ter um solo fértil e clima mediterrânico.
A colônia extinguiu-se em 1840. O povoamento do Alasca era cara demais para ser mantida pelo Império Russo. Por esse motivo, a Rússia vendeu a região aos Estados Unidos por 7,2 milhões de dólares.

 A descolonização

A exploração desenfreada dos recursos dos territórios ocupados – incluindo a sua população, transformada em escravos que espalharam pelo resto do mundo – levou a movimentos de resistência dos povos locais e, finalmente à sua independência, num processo denominado descolonização, terminando estes impérios coloniais em meados do século XX.

Escravidao

A escravidão, também conhecida como escravismo ou escravatura, foi a forma de relação social de produção adotada, de uma forma geral, no Brasil desde o período colonial até o final do Império. A escravidão no Brasil é marcada principalmente pelo uso de escravos vindos do continente africano, mas é necessário ressaltar que muitos indígenas foram vítimas desse processo.
Os escravos foram utilizados principalmente em atividades relacionadas à agricultura – com destaque para a atividade açucareira – e na mineração, sendo assim essenciais para a manutenção da economia. Alguns deles desempenhavam também vários tipos de serviços domésticos e/ou urbanos.
A escravidão só foi oficialmente abolida no Brasil com a assinatura da Lei Áurea, em 13 de maio de 1888. No entanto, o trabalho compulsório e o tráfico de pessoas permanecem existindo no Brasil atual, a chamada escravidão moderna, que difere substancialmente da anterior.
Os índios e o surgimento da escravidão no Brasil
Não é possível entender o Brasil sem antes entender a escravidão no Brasil, já disse uma grande estudiosa do tema.´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´ 'Antes da chegada dos portugueses a escravatura não era praticada no Brasil. Há grande dificuldade em se analisar a sociedade e os costumes indígenas devido à diferença entre a nossa cultura e a dos índios, e ainda hoje existem fortes preconceitos em torno da temática, sem contar a falta de dados, da diversidade de documentos escritos e da dificuldade de se obtê-los. Os europeus, quando aqui chegaram, encontraram uma população bastante parecida em termos culturais e linguísticos.'´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´ Esses indígenas se encontravam espalhados pela costa e pelas bacias dos rios Paraná e Paraguai. Não obstante a semelhança de cultura e língua, podemos distinguir os indígenas em dois grandes blocos: os tupis-guaranis e os tapuias. Os tupis-guaranis se localizavam numa extensão que vai do litoral do Ceará até o Rio Grande do Sul. Os tupis ou tupinambás dominavam a faixa litorânea do norte até a Cananeia, no sul do atual Estado de São Paulo; os guaranis, na bacia do Paraná-Paraguai e no trecho do litoral entre Cananeia e extremo sul do Brasil de anos mais tarde. Em alguns pontos do litoral, outros grupos menores dominavam. Era o caso dos goitacases, na foz do rio Paraíba, e pelos aimorés no sul da Bahia e norte do Espírito Santo ou ainda pelos tremembés no litoral entre o Ceará e o Maranhão. Esses outros grupos eram chamados de tapuias pelos tupis-guaranis, pois falavam outra língua.
'´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´Entre as tribos indígenas, além das atividades como a caça, a coleta de frutas, a pesca e, é claro, a agricultura, havia também guerras e capturas de inimigos. Para a agricultura usavam a terra até seu esgotamento relativo. Depois se mudavam definitiva ou temporariamente para outras áreas. A derrubada de árvores e as queimadas eram um modo costumeiro de preparar a terra para a lavoura e essa técnica foi incorporada mais tarde pelos colonizadores. Plantavam feijão, milho, abóbora e especialmente mandioca da qual faziam a farinha, que se tornou um alimento básico no Brasil a partir do período colonial. A economia era destinada ao consumo próprio, sendo basicamente de subsistência, e cada aldeia produzia apenas para suprir suas próprias necessidades, havendo assim pouca troca de mercadorias entre aldeias. Mas existiam, sim, contato entre as aldeias para a troca de mulheres e de bens de luxo, como penas de tucano e de pedras para se fazer botoque. Dessas trocas nasciam alianças entre as tribos, que se viam obrigadas a lutar uma ao lado da outra quando qualquer delas fosse atacada. Daí nasceram as guerras entre as tribos e a captura de índios e inimigos de uma mesma tribo.´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´ É bom não confundir o simples apresamento de inimigos com escravização, que é mais complexa. Tais inimigos, quando capturados, recebiam um tratamento diferenciado, eram bem alimentados, às vezes andando livremente pela tribo e ajudando na caça e, inclusive, obtendo da tribo, consentidamente, favores sexuais das índias. Isso se prolongava até chegar o dia em que eram mortos em meio à celebração de um ritual canibalístico, cujo costume se baseava na crença de que a bravura do guerreiro inimigo passaria ao vencedor quando este se alimentasse da carne daquele outro bravo guerreiro. Toda a tribo participava desse ritual e cabia a cada parcela da tribo (crianças, mulheres, guerreiros e velhos) uma parte específica do corpo do adversário vencido. ´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´O movimento artístico de 1922, chamado Movimento Antropofágico, tinha como base tais princípios. Com a chegada dos portugueses os índios seus aliados passam a vender muitos dos seus prisioneiros em troca de mercadorias. Este comercio era chamado de resgates. No entanto, só podiam ser resgatados os índios de corda, aqueles que eram prisioneiros ou escravos capturados nas guerras tribais e que iriam ser devorados; e os índios capturados nas guerras justas, operações militares organizadas pelos colonos ou pela coroa. A lei de 1610 decreta que o índio assim resgatado só poderia ficar escravizado por 10 anos. Esta lei foi alterada em 1626 para que os índios pudessem ser escravizados por toda a vida. Em 1655 uma nova lei proibia fazer guerra contra os índios sem ordem do rei e impedia qualquer tipo de violência contra eles. Os índios convertidos ao cristianismo não poderiam servir os colonos mais tempo do que o regulamentado pela lei, deveriam viver livres dirigidos pelos seus chefes e padres da companhia. Estas regulamentações desagradaram os colonos que em 1661 repetidamente se motinaram em protesto.
Durante o período pré-colonial (15001530), os portugueses desenvolveram a atividade de exploração do pau-brasil, árvore abundante na Mata Atlântica naquele período. A exploração dessa matéria-prima foi possibilitada não só pela sua localização, já que as florestas estavam próximas ao litoral, mas também pela colaboração dos índios, com os quais os portugueses desenvolveram um tipo de comércio primitivo baseado na troca – o escambo. Em troca de mercadorias europeias baratas e desconhecidas, como espelho e pedaços de pano, os índios extraíam e transportavam a valiosa madeira para os portugueses até o litoral.´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´ A partir do momento em que os colonizadores passam a conhecer mais de perto o modo de vida indígena, com elementos desconhecidos ou condenados pelos europeus, a exemplo da antropofagia, os colonos passam então a alimentar uma certa desconfiança em relação aos índios. A colaboração em torno da atividade do pau-brasil já não era mais possível e os colonos tentam submetê-los à sua dominação, impondo sua cultura, sua religião – função esta que coube aos jesuítas, através da catequese – e forçando-os ao trabalho compulsório nas lavouras, já que não dispunham de mão-de-obra.
´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´A escravidão no Brasil segue assim paralelamente ao processo de desterritorialização sofrido por estes. Diante dessa situação, os nativos só tinham dois caminhos a seguir: reagir à escravização ou aceitá-la. ´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´Houve reações em alguns os grupos indígenas, muitos lutando contra os colonizadores até a morte ou fugindo para regiões mais remotas. Essa reação indígena contra a dominação portuguesa ocorreu pelo fato de que as sociedades indígenas sul-americanas desconheciam a hierarquia e, consequentemente, não aceitavam o trabalho compulsório.[carece de fontes?] Antes dos estudos etnográficos mais profundos (fins do século XIX e, principalmente, século XX), pensava-se que os índios eram simplesmente "inaptos" ao trabalho, tese que não se sustenta depois de pesquisas antropológicas em suas sociedades sem o impacto desestabilizador do domínio forçado.
´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´Os índios assimilados, por sua vez, eram superexplorados e morriam, não só em decorrência dos maus-tratos recebidos dos colonos, mas também em decorrência de doenças que lhes eram desconhecidas e que foram trazidas pelos colonos europeus, como as doenças venéreas e a varíola e mais tarde pelos escravos africanos.
Diante das dificuldades encontradas na escravização dos indígenas, a solução encontrada pelos colonizadores foi buscar a mão-de-obra em outro lugar: no continente africano. Essa busca por escravos na África foram incentivados por diversos motivos. Os portugueses, reinóis e colonos, tinham interesse em encontrar um meio de obtenção de altos lucros com a nova colônia, e a resposta estava na atividade açucareira, uma vez que o açúcar tinha grande aceitação no mercado europeu. A produção dessa matéria-prima, por sua vez, exigia numerosa mão-de-obra na colônia e o lucrativo negócio do tráfico negreiro africanos foi a alternativa descoberta, iniciando-se assim a inserção destes no então Brasil colônia.´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´´ Convém ressaltar que a escravidão dos índios perdura até meados do século XVIII.Os negros vinham em navios negreiros da África do Sul. Eram escravos. Sofriam castigos físicos, eram apartados definitivamente de seus familiares.

A escravização indígena e africana - o lucrativo tráfico negreiro

"Família de um chefe camacã se prepara para uma festa", de Jean Baptiste Debret - Os índios foram os primeiros escravos no Brasil.
Recibo de compra e venda de escravos. Rio de Janeiro, 1851.
A escravidão ameríndia foi a principal forma de obtenção de escravos pelos europeus após a descoberta da América. A partir de 1530, com a colonização portuguesa tomando forma, a razão de ser do Brasil passou a ser a de fornecer aos mercados europeus gêneros alimentícios ou minérios de grande importância. A metrópole portuguesa passou a incentivar um comércio que tinha suas bases em alguns poucos produtos exportáveis em grande escala, assentadas na grande propriedade. Assim, por causa da decisão lusitana em exportar poucos produtos tropicais em grande escala para a Europa, nasceu em Portugal uma justificativa para a existência do latifúndio no Brasil. Após a captura, os índios eram forçados a executar um duro trabalho nas lavouras de cana-de-açúcar, onde eram supervisionados, explorados e maltratados. Os portugueses que vinham para o Brasil não desejavam executar o trabalho que a produção de açúcar exigia. Isso se explica em parte porque a tradição católica e ibérica desprezava o trabalho manual, considerando-o como "coisa de escravo". Os índios capturados nas guerras tribais também começaram a ser vendidos aos colonos em vez de permanecerem escravos na aldeia do seu captor.
Os índios sofreram violência cultural, epidemias e mortes. Eles eram difíceis de escravizar por vários motivos. Um desses era a incompatibilidade com um trabalho intensivo, regular e obrigatório, como pretendidos pelos europeus. Não eram vadios ou preguiçosos, apenas faziam o que era necessário à sua sobrevivência. Nada difícil em épocas de abundância de peixes, frutas e animais. Eles empregavam grande parte de sua energia nos rituais e nas guerras. Noções como a de produtividade eram estranhas ao entendimento deles. Outras formas de resistência foram as fugas, a guerra e a recusa ao trabalho compulsório. Outro fator importante que desestimulou a escravização indígena foi a catástrofe demográfica, pois eles não tinham defesa biológica contra as doenças europeias como sarampo, varíola, gripe. Outro fator foi o conhecimento indígena dos relevos, das terras americanas, posto que o interior permanecia quase inexplorado pelos invasores portugueses. Isso facilitou uma maior organização de ataques contra as fazendas e fortes portugueses distribuídos ao longo da faixa litorânea brasileira. Além disso, a partir de um certo momento, a própria Igreja Católica passou, através principalmente dos jesuítas, a fazer um trabalho de catequização junto aos índios, dificultando aos comerciantes e colonos portugueses a escravização dos nativos. Isso provocou inúmeros atritos entre os padres e os colonos. Mas não significa que os padres tratavam os índios com respeito, muito menos no que se refere à cultura indígena. A cultura dos índios, suas crenças religiosas eram consideradas pelos padres inferior se comparadas à cristã. Os padres chegavam mesmo a duvidar que os índios fossem pessoas.
As línguas indígenas, apesar de parecidas, não ajudavam a formar uma nação indígena, coesa contra ataques externos, representando apenas grupos dispersos, muitas vezes em conflito. Isso permitiu aos portugueses encontrar aliados indígenas na luta contra os grupos que lhes resistiam. Uma forma de resistência aos colonizadores, principalmente à escravização, foi o isolamento, alcançado por meio de permanentes deslocamentos para áreas mais pobres. Os que assim procederam conseguiram, com algum sucesso, a preservação de uma herança biológica, social e cultural. Se bem que há tribos isoladas que por comercializarem diretamente com empresas estrangeiras, falam sua língua materna mas também um inglês rudimentar para viabilizar os negócios. Como resultado, temos hoje tanto grupos indígenas mais isolados como grupos indígenas que sofreram uma maior mestiçagem, tanto no aspecto biológico como social e cultural, mostrando sua influência na formação da sociedade brasileira. Certamente, o encontro desses povos com os europeus foi catastrófico, pois de uma população tão numerosa - embora os cálculos variem enormemente, entre 2 milhões e mais de 5 milhões - apenas entre 300 mil e 350 mil indígenas existam atualmente em território nacional.
Além disso, a escravização indígena era uma atividade que gerava lucros internos, ou seja, a metrópole portuguesa não se beneficiava com ela. Portanto, a preferência pelo trabalho escravo negro e não pelo índio se deve ao fato de que o comércio internacional de escravos trazidos da costa africana era tão tentador que acabou se transformando no negócio mais lucrativo da Colônia. Portugueses, holandeses e, no final do período colonial, brasileiros disputaram o controle dessa área tão lucrativa. Portanto, o tráfico se tornou mais do que um meio de prover braços para a grande lavoura de exportação, mas uma potencial fonte de riqueza para quem vendia os escravos, tratados como coisa, produto. Devido às dificuldades encontradas em escravizar os índios, a partir de 1570 a Coroa portuguesa passou a incentivar a importação de africanos, tomando também medidas para tentar evitar a escravização desenfreada e o morticínio indígena. Porém, a transição da escravização indígena para a negra africana se deu de maneira diferente na América portuguesa, variando no tempo e no espaço. Ela acabou mais rapidamente no núcleo mais importante da empresa mercantil, destinada à exportação de produtos agrícolas em grande escala. E demorou mais para acabar nas regiões periféricas, como é o caso de São Paulo.
Esses fatores contribuíram para que a mão-de-obra africana fosse inserida nas lavouras brasileiras, sendo obtida através do tráfico de escravos vindos principalmente das colônias portuguesas na África. A atividade do tráfico negreiro inicia-se oficialmente em 1559, quando a metrópole portuguesa decide permitir o ingresso de escravos vindos da África no Brasil. Antes disso, porém, transações envolvendo escravos africanos já ocorriam no Brasil, sendo a escassez de mão-de-obra um dos principais argumentos dos colonos.
Capturados nas mais diversas situações, como nas guerras tribais e na escravização por dívidas não pagas, os escravos africanos provinham de lugares como Angola e Guiné. Eram negociados com os traficantes Africanos (negros, também) em troca de produtos como fumo, armas e aguardentes e transportados nos chamados navios negreiros. Esses navios tinham destinos como as cidades do Rio de Janeiro, Salvador, Recife e São Luís, e delas eram transportados para regiões mais distantes. Durante as viagens, muitos escravos morriam em decorrência das péssimas condições sanitárias existentes nas embarcações, que vinham superlotadas. Quando desembarcavam em solo brasileiro, os escravos africanos eram vendidos em praça pública. Os mais fortes e saudáveis eram os mais valorizados.
A aquisição de mão de obra escrava tornou-se imperativa para o sucesso da colonização holandesa. Os holandeses passaram a importar escravos para trabalhar nas plantações. A Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais começou a traficar escravos da África para o Brasil.[1]
Havia protestos, embora por vezes distantes, sem continuidade e sem medidas coercitivas, contra os maus tratos. Em 1º de março de 1700 por exemplo, o Rei de Portugal D. Pedro II escreveu uma carta indignada ao governador-geral D. João de Lencastre sobre os maus tratos dados aos escravos no Brasil: «... Não lhe dando fardas e outros nem ainda farinha», e comentando dos «cruéis castigos, por dias e semanas inteiras, havendo alguns que por anos se acham metidos em correntes, sendo mais cruéis as senhoras em alguns casos para com as escravas, apontando-se alguns que obram tanto os senhores como as senhoras com tal crueldade como são pingar de lacre e marcar com ferro ardente nos peitos e na cara, executando neles a mutilação de membros. De Francisco Pereira de Araújo se diz que cortou as orelhas a um, e pingou com lacre; outro veio do sertão, a quem o senhor cortou as partes pudendas, entendeu com uma sua negra; de outro, que se curou no hospital, se diz que foi tão cruelmente açoitado do seu senhor que lhe provocara especialmente o rigor da Justiça Divina, pelo que é de razão». Diz ainda de castigos que se fazem por suspensão de cordas em árvores, para que os mosquitos os estejam picando e desesperando, sobre os açoitarem e pingarem com a mesma crueldade que fazem os demais...»
Houve muito alvoroço com a necessidade de mão-de-obra nas Minas Gerais. Datado de 26 de março de 1700, um Bando do Governador do Rio Artur de Sá e Menezes proibiu que fossem transportados para as Minas escravos de cana e mandioca, enquanto ao mesmo tempo a Câmara se dirigia ao Conselho Ultramarino e pedia providências para facilitar entrada de africanos. Conseguiu duas medidas: a instituição de um tributo de 4$500 por cada escravo tirado de engenhos e despachado para as Minas, (e desde Carta Real de 10 de junho de 1699 havia direitos de entrada de 3$500 por cada negro vindo da África para o Rio de Janeiro) e a liberdade de comércio de negros e do tráfico. A própria Coroa traficava: e desde a Carta Régia de 16 de novembro de 1697 o preço de cada negro vendido era 160$000; em 1718 o preço tinha subido a 300$000, embora custo fosse de apenas 94$000.
A atividade do tráfico negreiro foi extremamente lucrativa e perdurou até 1850, sendo oficialmente extinguida nesse ano com a Lei Eusébio de Queirós.L

 O trabalho dos escravos

O Tronco, de Jean Baptiste Debret - Escravos sendo castigados no tronco.
Os índios que foram assimilados e escravizados pelos colonos portugueses mostraram-se mais eficientes na execução de tarefas a que já estavam adaptados no seu modo de vida, como a extração e o transporte de madeira, do que nas actividades agrícolas. Esses trabalhadores eram superexplorados e muitos morriam em decorrência dos castigos físicos aplicados pelos seus senhores. O uso de indígenas como escravos perdurou até o século XVIII.
Diante das dificuldades encontradas no processo de escravização dos indígenas, os colonos encontram como alternativa a utilização de escravos africanos, obtidos através do tráfico negreiro. Os escravos africanos poderiam ser designados pelos seus senhores para o desenvolvimento dos mais diversos tipos de atividades,destacando-se as atividades agrícolas,lavoura, sendo a extração da cana-de-açúcar a principal, a mineração e os serviços domésticos.
A atividade açucareira foi durante muito tempo o pilar sobre o qual a economia colonial se sustentou. Foi desenvolvida principalmente na Zona da Mata, no litoral nordestino, que oferecia condições naturais favoráveis ao cultivo da cana-de-açúcar, produto que obtinha grande aceitação no mercado europeu e que garantia alta lucratividade. Para o seu cultivo, adotou-se o sistema de plantation, caracterizado pelo uso de latifúndios monocultores. A extração da cana necessitava de um grande contingente de mão-de-obra e foi a partir dessa necessidade que uma grande quantidade de africanos passou a trabalhar nos engenhos - propriedades destinadas ao cultivo e produção de açúcar.
Na agricultura, muitos escravos foram utilizados também no cultivo de tabaco, algodão e café, por exemplo.
Já na mineração, atividade que começa a ganhar grande importância na economia colonial durante o século XVIII, muitos nativos foram utilizados na exploração de metais preciosos, principalmente o ouro, na região de Minas Gerais. Vale ressaltar que com o desenvolvimento da mineração foram desenvolvidas várias atividades secundárias e dependentes dela, como a pecuária, das quais os escravos também participaram.
Os escravos domésticos - como indica o próprio nome - trabalhavam nas casas de seus senhores, realizando serviços como cozinhar e costurar. Existiram ainda casos de escravos que prestavam serviços remunerados e deveriam pagar parcela de sua renda ao seu proprietário, os chamados “escravos ao ganho”, além de escravos que eram alugados pelos seus senhores para desenvolver algum ofício (pedreiro, carpinteiro, cozinheiro, ama de leite) a um terceiro, sendo assim “escravos de aluguel”. Estes dois últimos tipos de escravos desenvolviam suas tarefas geralmente nos espaços urbanos.
Escravo sendo castigado, em pintura de Jean Baptiste Debret
O escravo encontrava-se na posição de propriedade de seu senhor, não possuindo assim qualquer direito. Era o seu proprietário o responsável por garantir os elementos básicos à sua sobrevivência, como a alimentação e as suas vestimentas. O cativo estava à disposição do seu dono, que o superexplorava. Era vigiado pelos chamados capitães-do-mato, que também capturavam os escravos fugidos e lhes aplicava os mais diversos tipos de castigos, como o açoitamento, o tronco, peia, entre outras punições, o que contribuía para diminuir o tempo de vida dessa mão-de-obra. Em síntese, executava o seu trabalho nas mais desumanas das condições.
Por parte dos senhores, existia uma discriminação com relação ao trabalho, já que o consideravam como “coisa de negros”. Convém ressaltar que houve casos de alforria, isto é, de escravos que foram libertados. Essas libertações ocorriam pelos mais variados motivos, desde vontade do senhor em virtude da obediência e lealdade do escravo até casos em que o cativo conseguia comprar a sua liberdade. Vale ressaltar também que a escravidão foi a base de sustentação da economia brasileira até o final do Império.

 Resistência à escravidão

Tanto os índios quanto os cotoco africanos promoveram formas de resistência à escravidão, não sendo assim passivos a ela.
Os índios resistiram desde o momento em que os colonos tentam escravizá-los a força. Os africanos e seus descendentes, por sua vez promoveram várias formas de resistência à escravidão. A mais conhecida de todas foi a criação dos quilombos, uma espécie de "sociedade paralela" formada por escravos que fugiam de seus senhores, sendo o mais popular o Quilombo dos Palmares, localizado em Alagoas. Existiram, porém, inúmeras outras formas de se resistir à escravidão, como o suicídio, assassinatos, rebeliões, Aborto e revoltas organizadas contra os senhores.
Convém ressaltar que essas revoltas são um dos fatores que contribuíram para a abolição da escravatura. Diga-se que a escravatura também era frequentemente praticada nos quilombos, por exemplo, no Quilombo dos Palmares os cativos eram mantidos como escravos e utilizados para o trabalho nas plantações. No entanto, não era abolir a escravatura que algumas destas revoltas tinham como objetivo. A revolta dos Malês não só visava a libertação dos escravos africanos como pretendia escravizar os brancos, os mulatos e os não muçulmanos.

 Abolição da Escravatura

A carta original da Lei Áurea
A abolição da escravatura foi processada de forma gradual e decorreu de toda uma situação formada com a sucessão do processo histórico, sendo ocasionada por uma série de pressões exercidas tanto por fatores externos quanto internos.
Pode-se encontrar nos fatores internos a ação de grupos abolicionistas compostos por indivíduos oriundos de diversas camadas da sociedade. Deve-se distinguir entre aqueles que eram favoráveis ao fim da escravidão os abolicionistas dos emancipacionistas, visto que estes eram favoráveis a uma abolição lenta e gradual dessa relação de trabalho, enquanto aqueles defendiam o fim imediato do trabalho escravo. Além da ação dos grupos abolicionistas, deve-se destacar a atuação de resistência da maior vítima do processo de escravidão, visto que os escravos não eram passivos e resistiam à dominação das mais diversas maneiras, como fugas, revoltas, assassinatos, suicídios, entre outros métodos.
Entre os fatores externos, pode-se destacar as pressões exercidas pelo Império Britânico sobre o governo brasileiro. A Inglaterra vivia naquele momento o auge do fenômeno do qual foi berço - a Revolução Industrial. O processo de industrialização demandava a ampliação dos mercados consumidores a fim de se obter a venda da crescente produção. O Brasil era um dos grandes parceiros comerciais ingleses, mas a relação de trabalho escravista não garantia aos trabalhadores que dela foram alvos poder aquisitivo. Além disso, o governo inglês já abolira a escravidão em todos os seus territórios.
As elites latifundiárias das colônias inglesas nas Antilhas sofreram perdas nesse processo a partir do momento em que haviam ganhado mais um custo de produção com o desenvolvimento de relações de trabalho assalariadas e que perdiam espaço na concorrência com a produção brasileira. Sentindo-se lesados, esses latifundiários passaram a exercer pressão sobre o parlamento inglês a fim de que a escravidão fosse combatida de forma mais efetiva. Em 1845, o parlamento inglês aprovou a chamada Lei Bill Aberdeen (em inglês, Aberdeen Act), que concedia à Marinha Real Britânica poderes de apreensão de qualquer navio envolvido no tráfico negreiro em qualquer parte do mundo. Como consequência da pressão inglesa, em 1850, o tráfico negreiro é oficialmente extinto com a Lei Eusébio de Queirós. Com o fim da principal fonte de obtenção de escravos, o preço destes elevou-se significativamente, uma vez que ocorre uma diminuição na sua oferta. Já em 1871, é promulgada a Lei do Ventre Livre, que garante a liberdade aos filhos de escravos. Oito anos depois, em 1879, inicia-se uma campanha abolicionista estimulada por intelectuais e políticos, como José do Patrocínio e Joaquim Nabuco.[2]
O sistema escravista enfraquece-se mais ainda com a Lei dos Sexagenários (1885), que liberta todos os escravos com mais de 60 anos de idade.
Em 5 de maio de 1888, o Papa Leão XIII, na encíclica In Plurimis, dirigida aos bispos do Brasil, pede-lhes apoio ao Imperador, e a sua filha, na luta que estão a travar pela abolição definitiva da escravidão. No dia 13 de maio, a Lei Áurea é assinada pela Princesa Isabel, extinguindo oficialmente a escravidão no Brasil.
A abolição da escravidão, apesar de garantir a liberdade, não alterou em nada as condições socioeconômicas dos ex-escravos, que continuaram a viver, de uma forma geral, na pobreza, sem escolaridade e sofrendo com a discriminação. Não impediu também que a superexploração de mão de obra em regime de escravidão e o tráfico de pessoas continuassem sendo praticados até os dias atuais.
Convém ressaltar que, enquanto relação social de trabalho predominante no território brasileiro, a escravidão foi substituída pela mão-de-obra imigrante assalariada.

 A herança dos escravos

Ver artigos principais: afro-brasileiro e Cultura do Brasil.
Figura de Debret.
Tanto os indígenas quanto os escravos africanos foram elementos essenciais para a formação não somente da população, mas também da cultura brasileira. A diversidade étnica verificada no Brasil decorre do processo de miscigenação entre colonos europeus (portugueses), indígenas e africanos. A cultura brasileira, por sua vez, apresenta fortes traços tanto da cultura indígena quanto da cultura africana. Desde a culinária, onde se verificam o vatapá, o caruru e chegando até a língua portuguesa, é impossível não perceber a influência da cultura dos povos que foram escravizados no Brasil.
A origem da feijoada brasileira tem sido alvo de controvérsias, alguns afirmam que, ao contrário do que é amplamente difundido, não tem origem entre os escravos, mas em um prato português. Nesse aspecto, entretanto, é importante ressaltar que partes dos porcos utilizados no preparo da feijoada não eram usados pelos escravocratas, o que reforça a tese de que, como em outros espaços da cultura brasileira, houve uma reelaboração a partir do que os negros dispunham para sua alimentação.

 No contexto do estado de São Paulo

Durante o período escravocrata, a cidade brasileira de São Carlos, no estado de São Paulo, atingiu o segundo lugar no tráfico de escravos para o interior paulista, perdendo somente para a região de Campinas. A economia da povoação era totalmente agrária com alguma produção de cana e quase totalmente voltada para a subsistência. Na época o negro era a base da produção, sendo o escravo quem trabalhava no campo e produzia o alimento e a renda.